Se ame mais,
Se doe menos,
Respire,
Siga em frente,
Espere.
Então vem o queimor
Tudo se parte
Respiro, inspiro
Repenso
Lembranças
Lugares onde outrora estive
Desapego
Melhor não pensar
Buscando sinais
Repostas
Por mim
Dejá vu
A cura logo vem
Meu descanso,
Um sorriso
Tudo outra vez
E pertenço, dependo
Sofro,
Luto, desisto
Insisto
Até não sobrar nada de mim
Hoje me bateu uma saudade de mim...
Revirando lembranças, procurando por algo que ainda não sei, bem no fundo do baú, encontrei alguém familiar. Alguém que outrora costumava ser.
Alguém apegado a lápis 6B e canetas coloridas. Alguém que preferia passar horas perdido na fantasia, sem esforço, imaginando outro mundo e derramando-o sobre o papel.
Alguém que não tinha medo do amanhã, que não pensava em voltar atrás. Alguém que vivia o dia todos os dias.
Onde foi parar esse alguém?
Em que momento da vida trocou o lápis 6B pela caneta azul ou preta? A fantasia pela realidade? O hoje pelo o amanhã ainda incerto? A carta, o bilhete pelo email, pelo torpedo?
De maneira quase imperceptível e inevitável ele se foi. E hoje restam apenas vestígios de alguém que não volta mais. Alguém que fui antes de ser. Que deixei antes de perceber.
Espero um dia trazê-lo à tona ou quem sabe apenas suas melhores qualidade, suas virtudes. Está claro que alguns valores ficaram para trás. Só quero reencontrá-los e integrá-los outra vez a mim que até hoje não sabia sentir falta do que fui.
Sempre quis entender o porquê das mudanças e reviravoltas da vida. Jamais vi sentido em alterar qualquer coisa que estivesse funcionando. Se o está fazendo bem, feliz, satisfeito, por que mudar?
Não me ocorria que tudo o que não altera, não evolui, nem mesmo retrocede, acomoda. E acomodar nem de longe é algo que quero para mim.
O conveniente nos impede de crescer, de perceber que sempre podemos ter, ser mais. Que dar um passo à frente pode nos ensinar, mostrar algo novo.
Sim, existe o medo de não conseguir lidar, acompanhar o novo ritmo imposto, pois do jeito que estava não havia necessidade de esforço e dedicação, reflexão. Apenas reação. E é nesse momento que escolhemos entre viver e sobreviver.
É possível sobreviver estagnado na mesmice com medo do novo. Mas só é possível viver, de maneira intensa e destemida, abrindo os braços e a mente para o que vier. Dar um passo à frente sempre que possível, não há nada além do chão, dele não passará. E cá entre nós reerguer-se conta como um passo. O mais importante e repleto de aprendizado.
Então supere. É por isso que as coisas mudam. Para que eu me supere.